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Psicologia Analítica - O que é isso?

Psicologia Analítica ou Psicologia Junguiana, como é mais popularmente conhecida, é uma  psicologia profunda que estuda a psique, visando compreender as razões do sofrimento humano. Dedica-se tanto às questões da vida cotidiana como aos seus problemas de comportamento e dificuldades de adaptação. Seu foco maior é o sofrimento psíquico, ou, poeticamente falando, as dores da alma.

 

Sua ampla teoria dialoga com campos de conhecimento variados, como Psiquiatria, Neurologia, Filosofia, Etnologia, Mitologia, Artes e Literatura, em última análise, todas as ciências e campos de conhecimento que podem contribuir para a compreensão do comportamento humano, em diferentes aspectos da vida pessoal, profissional, afetiva, sexual e social . Como tudo é parte da cultura humana, todos os tipos de conhecimento foram integrados em sua psicologia profunda e sua obra recebeu a colaboração das mentes mais brilhantes de sua época.

Dr. Carl Gustav Jung é uma das mentes mais proeminentes do século XX. Seus conceitos são inseridos em muitos campos da psicologia e psiquiatria atual, e um número considerável deles são parte do vocabulário comum, como arquétipo, sincronicidade, introversão e extroversão, persona e sombra. Sua teoria sobre os tipos psicológicos gerou testes e teorias paralelas utilizados tanto em psicoterapia como em Recursos Humanos e estudos sociológicos. 

 

Os conceitos de Self, Arquétipo, Inconsciente Coletivo e de auto-regulação da psique são um ponto crucial no desenvolvimento da psicologia Junguiana . Jung afirma que a psique tem uma tendência para compensar a posição unilateral da consciência, semelhante ao desenvolvimento corporal, onde o organismo tende a se auto regular, compensando algum mal funcionamento físico. Isto significa que qualquer comportamento ou atitude unilateral tende a ser compensado pelo inconsciente, pois a psique anseia por equilíbrio. Neste sentido, o sofrimento psicológico, os sintomas tais como depressão, síndrome do pânico, anorexia, dependência química, entre tantos outros, seriam um sinal de que a vida psíquica consciente e inconsciente estão em desequilíbrio, e estes sintomas seriam uma forma de fazer o indivíduo buscar formas de se auto-regular, mesmo que sendo sentidas como desastrosas, dão o alerta, assim como a pressão alta nos avisa que algo não vai bem, que precisamos nos cuidar melhor. 

 

 O inconsciente trabalha para a auto-regulação do aparelho psíquico da mesma forma que o corpo trabalha pelo equilíbrio dos órgãos e funções corporais. Porém, sendo a consciência seletiva, esta  exige direcionamento, e consecutivamente, a exclusão de tudo que for irrelevante. Desta forma, a consciência é unilateral, e o que foi excluído agora pertence ao inconsciente pessoal.

Jung diferenciou o conceito de inconsciente de Freud, essa diferença muda consideravelmente a compreensão  e conduta psicoterapeutica dos analistas orientados pelas duas escolas, os popularmente chamados " freudianos" ,  e os  "junguianos". 

 

Freud descreve o inconsciente como a psique instintiva, o 'id', e à " consciência coletiva"  como "super-ego" , em que o indivíduo pode ser tanto consciente como inconsciente, já que conteúdos podem ser reprimidos. O "ego" é a parte consciente da personalidade, e tem de lidar com as pulsões do "id" e as convenções sociais exigidos pelo "super-ego" . 

 

Jung descreve dois conceitos de inconsciente, o inconsciente pessoal como uma camada mais superficial do inconsciente, que deriva de experiências pessoais e, em uma camada mais profunda, o inconsciente coletivo, que é inato, universal, de onde se originam padrões de comportamento que são mais ou menos o mesmo em todos os lugares e em todos os indivíduos, com pequenas variações de acordo com a cultura onde cada indivíduo está inserido. O inconsciente coletivo constitui um substrato psíquico comum de natureza supra pessoal, que está presente em cada um de nós.

 

Os conteúdos do inconsciente pessoal constituem o lado particular e privado da vida psíquica que, por uma razão ou outra,não está na consciência, seja por razões patológicas ou não. O conteúdo do inconsciente coletivo, por outro lado, é representado pelos arquétipos , que só podem ser conhecidos por suas imagens, que são sempre opostas, antagônicas e complementares dos símbolos. Um arquétipo nunca é bom ou ruim, pois abarca a totalidade do símbolo, e a experiência individual pode "constelar" facetas diferentes do mesmo arquétipo. 

Para Jung, os arquétipos são padrões arcaicos universais representados por imagens que 

derivam do inconsciente coletivo e são a contrapartida psíquica do instinto. Eles são potenciais herdados, que quando restaurados adentram a consciência como imagens, ou se manifestam através de um comportamentos ou interações com o mundo exterior. São formas autónomas e invisíveis, que são transformadas ao entrar na consciência e adotam uma expressão particular por indivíduos e suas culturas.

 

 Arquétipos tem um caráter numinoso, isto é, são arrebatadores e sentidos como uma experiência mística, religiosa, e relativamente autônomos. Eles não podem ser integrados simplesmente por meios racionais, pois exigem um procedimento dialético, um verdadeiro  "chegar a um acordo"  com eles. Em outras palavras, o sujeito necessita estabelecer um  "diálogo" com os símbolos arquetípicos, em uma espécie de colóquio interior, onde o analista pode ajudar como um facilitador, exercendo o papel da função transcendente.

 

Os principais arquétipos que estruturam a personalidade são: Ego, Persona, Sombra, Anima, Animus e Self. Outros arquétipos são, naturalmente, muito importantes, e ferramentas inestimáveis, a fim de explicar e compreender o desenvolvimento da personalidade, bem como o processo analítico, tais como: arquétipo da Grande Mãe, O Pai, A Criança, O Herói, O Velho Sábio, e A Velha Sábia.

 

 O trabalho clínico demanda o conhecimento de como estes arquétipos atuam na psique, assim como de estrutura  egóica  e da Teoria dos Complexos, entre outros.

 

Solange Bertolotto Schneider

 

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Jung em Bollingem
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