Este texto foi parcialmente retirado de um artigo de minha autoria, sobre o MIto de Cassandra. Como analista junguiana, me deparei inumeras vezes com vitimas de abuso e estupro, e o fato dele ser retratado sempre como um "rito de iniciacao" na analise psicologica de mitos e contos de fada sempre me incomodou. Por esta razao, esta em processo de execucao um livro que trata do feminino na religiao, mitologia, contos de fadas e em nossa cultura.
Segue abaixo, uma pequena parte de minha reflexao sobre o assunto.
"A misoginia contra as mulheres é parte das sociedades patriarcais, e muitos dos mitos gregos descrevem como os Deuses punem as mulheres só porque o seu desejo foi contrariado. Até mesmo as deusas têm que lutar contra esse poder, e muitas vezes, elas próprias ajudam os deuses a satisfazer os seus desejos, enganando e subjugando outras mulheres. As mulheres desempenham um papel importante para perpetuar o poder patriarcal sobre as próprias mulheres. Muitos trabalhos psicológicos descrevem o estupro nos mitos como um "rito de passagem", para forçar ou ajudar uma jovem a se tornar uma mulher. Muitas tribos têm ritos de passagem, tanto para homens, quanto para mulheres, todos esses ritos trazem sofrimentos físicos e psicológicos, e são uma condição para ter um papel social nas tribos. Ao tratar os clientes que sofreram abuso sexual, vemos que a alma sofreu a violência, tanto quanto o corpo, porque o sentimento é de que toda a personalidade é abusada, maculado. Corpo e alma são os mesmos. Não existe poesia, o sofrimento causado pelo abuso sexual e pelo estupro são, sem dúvida, um abuso não só do corpo, como também da alma, é uma forma de violência pior do que qualquer outra ". Solange B. Schneider
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